Senado Federal
CPI
ATA DA 3ª REUNIÃO DE 2007
Ata Circunstanciada da 3ª Reunião de 2007, realizada em 24 de maio de 2007, quinta-feira, às dez horas e trinta e um minutos, na Sala nº 2 da Ala Senador Nilo Coelho, destinada a oitiva dos Senhores: 1º Sargento Wellington Andrade Rodrigues e do Senhor Jorge Carlos Botelho.
Passo a palavra ao Sr. Relator para conduzir a oitiva. Sr. Wellington, o senhor deporá de 20 minutos inicialmente e depois o Relator irá fazer as indagações necessárias. V.Sª tem a palavra.
Leiam o trecho do depoimento do Sargento da Aeronáutica Wellington, Supervisor dos Controladores de Vôo, do dia do acidente aéreo:
SR. WELLINGTON ANDRADE RODRIGUES:O que nós temos que saber diferenciar existe o plano de vôo proposto, plano de vôo solicitado e plano de vôo autorizado. Nós temos diferenças nisso.
SR. RELATOR SENADOR DEMOSTENES TORRES (DEM-GO):Correto. E nesse caso ,o proposto foi o autorizado?
SR. WELLINGTON ANDRADE RODRIGUES: Não.
SR. RELATOR SENADOR DEMOSTENES TORRES (DEM-GO):Qual a diferença? Esse foi o plano de vôo proposto. O que foi autorizado? O senhor pode nos dizer?
SR. WELLINGTON ANDRADE RODRIGUES: Eu digo assim com base no que eu ouvi, porque como não fui eu que fiz a autorização, eu posso explicar por base do que eu fiquei sabendo.
SR. RELATOR SENADOR DEMOSTENES TORRES (DEM-GO): Então o senhor também não tem certeza se foi realmente, o senhor não teve acesso a essa documentação.
SR. WELLINGTON ANDRADE RODRIGUES: Não. Eu tive acesso à gravação... Que não fui eu que fiz a autorização.
SR. PRESIDENTE SENADOR TIÃO VIANA (PT-AC): Permita, Relator, V.Sª afirmou aqui que não foi o autorizado.
SR. WELLINGTON ANDRADE RODRIGUES: Isso eu afirmo.
SR. PRESIDENTE SENADOR TIÃO VIANA (PT-AC): Foi proposto, mas não foi autorizado.
O Plano de Vôo APRESENTADO dizia:
N0452 F370 DCT PCL UW2 BRS/N0456F360 UZ6 TERES/N0449F380 UZ6 MAN DCT
Com decolagem de São José dos Campos, voar DIRETO para antena do auxílio à navegação aérea PCL = Poços de Caldas, subindo para o Nível de Vôo 37.000 pés, a partir da antena do auxílio à navegação aérea PCL = Poços de Caldas no eixo da aerovia UW 2 até a antena do auxílio à navegação aérea BRS = Brasília .
A partir de Brasília 36.000 pés até a posição TERES no Eixo da aerovia UZ 6.
A partir do "marco virtual" TERES 38.000 pés até o Ponto Ideal de Descida para Manaus continuando no Eixo da aerovia UZ 6.
Tal Plano de Vôo NÃO foi AUTORIZADO.
Portanto o Plano de Vôo AUTORIZADO era mesmo fazer o vôo inteiro no Nível de Vôo de 37.000 pés.
Após Brasília o Nível de Vôo de 37.000 pés estava RESERVADO.
O controlador de vôo de Manaus NÃO poderia ter AUTORIZADO o Boeinga da GOL subir para o Nível de Vôo 37.000, uma vez que este Nível de Vôo já estava RESERVADO, OCUPADO e AUTORIZADO antes mesmo da decolagem do Legacy e mais tarde foi re-AUTORIZADO às 15:51 Local com a frase do Controlador de Vôo sargento Jomarcelo:
"N600, squawk identification, mantaining FL370, under radar surveillance".
O piloto do Legacy respondeu: "Roger". ( = ciente eu cumprirei ).
Na imagem que apresenta as Etiquetas de Dados de vôo do Legacy ANTES da posição TERES, também vemos a Etiqueta de Dados da aeronave DRD1451 que estava se afastando da posição TERES no eixo da aerovia UM799, rumo 334º, mantendo o nível de vôo de 38.000 pés. Esta aeronave deveria ter sido chamada pelo Sargento Lucivando para tentar fazer a "ponte" de rádio comunicação entre o Legacy e os controladores de vôo de Brasília, para informar ao Legacy que não estavam recebendo sinais corretos do TRANSPONDER.
Mas já era esperada a perda de tais sinais, pois o controlador de vôo, sargento Francisco Roberto de Manaus, disse no seu depoimento que ele teve um BRIEFING com seu supervisor em manaus ANTES de assumir seu turno de trabalho e ficou ciente de que o Radar Secundário de Brasília, estava fora de operação naquele dia para cobertura radar na região onde aconteceu o acidente.
Atenção!
As GRAVAÇÕES ouvidas pelo Sargento Wellington NÃO constam das "Caixas Pretas" das aeronaves envolvidas, pois são gravações feitas nos BASTIDORES pelos gravadores dos CINDACTAS e tais gravações com suas transcrições NÃO constam da "papelada" que foi enviada para Polícia Federal, Ministério Público e Comissões Parlamentar de Inquérito no Senado e na Câmara Federais.
Observe que numa das imagens aparece a Etiqueta de Dados de Vôo do Boeing da GOL sem o indicativo da empresa GLO, isto significa que o vôo ainda não tinha sido regularizado no sistema de computação do CINDACTA, pois Planos de Vôo REPETITIVOS ( =vôos regulares ) são apresentados até 90 dias de antecedência.
O indicativo que aparece na Etiqueta de Dados do Boeing A6542 foi fornecido provisóriamente e o Plano de Vôo pode ter sido APRESENTADO antes da decolagem, portanto o controlador de vôo de Manaus, Sargento Francisco Roberto NÃO poderia ter AUTORIZADO o Boeing subir para o Nível de Vôo de 37.000 pés, sem antes consultar o Centro Brasília de possíveis vôos já estabilizados na aerovia UZ 6, pois o Legacy já estava OCUPANDO tal nível de vôo desde 15:55 local, portanto antes antes do horário do Boeing atingir 37.000 pés às 15:58 Local.
A Etiqueta de Dados do Boeing apresenta a informação de que ANTES da colisão a aeronave estava mantendo 37.000 pés e a velocidade era de 450 Knots.
Depois da colisão a Etiqueta de Dados do Boeing apreenta a informação de que a aeronave continuou mantendo 37.000 pés e a velocidade foi reduzida para 290 Knots, a qual é a Velocidade Máxima de Vôo em Turbulência. Logo a seguir a Etiqueta de Dados apresenta a informação de que a aeronave continuou mantendo 37.000 pés e a velocidade foi reduzida para confortáveis 220 Knots, assim podendo ser baixado o Trem-de-pouso.
O Sargento Jomarcelo acertou em Não mandar o Legacy descer para 36.000 pés a partir do VOR de Brasília, pois o Nível de Vôo já estava AUTORIZADO e RESERVADO.
O controlador de vôo que NÃO AUTORIZOU o Plano de Vôo APRESENTADO e PROPOSTO também ACERTOU, pois descidas e subidas dentro da área RVSM, são de alto risco de colisão.
O Sub-Oficial João Batista da Torre de São José dos Campos, mesmo com seu inglês precário, também ACERTOU, pois ele transmitiu para os pilotos do Legacy apenas o que foi AUTORIZADO pelo Centro de Controle de Área Brasília.
Onde está o erro, então?
O Deputado Federal Marcelo Castro, presidente da CPI na Câmara Federal, em entrevista disse:
"..para mim, os pilotos do Legacy foram autorizados a voar a 37.000 pés e em Brasília avisaram que estavam voando a 37.000 pés. Cumpriam o plano de vôo autorizado. Não havia plano aprovado para descer para 36.000 pés. Ele foi proposto, mas não foi autorizado".
Um comentário:
Se o plano não foi aprovado, por que ficou registrado nos computadores do Cindacta? Porque o radar passou a apontar o FL360, quando foi perdido o sinal ao passar pelo Brasilia VOR pelo problema do software? Da onde o computador puxou este valor?
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