quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Quem Atrasa Vôo?


Quem Atrasa Vôo?


O Ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, juntamente com uma diretora da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, Solange Vieira, anunciaram uma Medida Provisória na qual pune as empresas de linhas aéreas brasileiras com pesadas multas por atrasos dos vôos.


A medida é inócua e mostra a falta de conhecimento do Ministro da Defesa e da diretora ANAC, Solange Vieira, sobre assuntos de aviação.


Leiam a sequência de liberação de uma aeronave para uma etapa de vôo.


Demonstraremos uma etapa de jornada de vôo no trecho de São Paulo (aeroporto de Congonhas) para Brasília, DF seguindo para Salvador, BA. A aeronave será a mesma que já está no ar, em vôo de Curitiba, PR para o aeroporto de Congonhas, SP.


Decolagem de Congonhas para Brasília está prevista para 07:00 horas e pouso em Brasília às 08:25 horas.
15(quinze) minutos antes da aeronave ser autorizada pelo Controlador de Tráfego Aéreo a iniciar sua descida do Nível de Vôo entre Curitiba e São Paulo (Congonhas), a tripulação técnica (= pilotos ) recebe pelo rádio todas informações meteorológicas necessárias para o pouso no aeroporto de Conhonhas ( São Paulo ). Os computadores de bordo já têm a Hora Estimada de Chegada, já compensadas a reduções normais e necessárias de velocidade da aeronave até o pouso.


Um dos pilotos chama pelo rádio a Coordenação de Vôo da empresa que fica nas dependências do aeroporto de Congonhas onde será efetuado o pouso e fornece a Hora Estimada de Chegada e confirma quantos passageiros permanecerão a bordo continuando suas viagens para Brasília e Salvador.


O funcionário da Coordenação de Vôo repassa esta informação para os funcionários que estão nos balcões efetuando o check-in dos passageiros. Já se tem o número de vagas na aeronave para a próxima etapa ( Congonhas/Brasília ).


A informação da Hora Estimada de Chegada deve ser repassada imediatamente para a INFRAERO para que esta atualize os painéis públicos de horários de Chegadas e Partidas de vôos.


Os passageiros do vôo para Brasília ( no nosso exemplo ) devem chegar ao aeroporto de Congonhas com uma hora de antecedência para efetuarem o Check-in.


É aceito check-in até 15 minutos antes do horário previsto para decolagem.


Enquanto a aeronave vindo de Curitiba está fazendo a descida do seu nível de vôo, para a altitude de início do procedimento para pouso por instrumentos ( com chuva ou sem chuva ), funcionários da empresa do vôo que trabalham no solo, entram em contato com a Torre de Controle do aeroporto de Congonhas para saberem o número do ‘finger’ que a aeronave irá estacionar para desembarcar os passageiros vindo de Curitiba para São Paulo.


De posse do número do ‘finger’ de estacionamento da aeronave, a equipe de funcionários vai para a área em volta do ‘finger’. O chefe da equipe telefona para a empresa de combustível de aviação que irá reabastecer o avião para voar a próxima etapa( Congonhas/Brasília). Mesmo sabendo-se quanto gasta de combustível para fazer o vôo de São Paulo (Congonhas) para Brasília neste tipo de aeronave, ainda não poderá ser colocado combustível na aeronave, pois somente depois do pouso e parada dos motores teremos a quantia que restou do vôo vindo de Curitiba, mais o peso de passageiros e carga para etapa de Brasília.


Quando a aeronave já estiver autorizada pelo Controlador de Tráfego Aéreo, a efetuar a aproximação final para pouso, o horário de pouso será repassado para o balcão de atendimento de passageiros e para a INFRAERO atualizar os painéis de aviso de horários de vôo.


Em volta do ‘finger’ no pátio de estacionamento, já estão as equipes que irão atender a aeronave: caminhão de abatecimento de combustível, caminhão da comissaria com refeições para tripulantes e passageiros, carros com bagageiros para transportarem as bagagens dos passageiros que irão desembarcar em São Paulo (Congonhas), equipes de limpeza da aeronave, mecânicos de aviação, etc..


O avião já pousado efetua o táxi para o ‘finger’ e nestes instantes o check-in de passageiros já está na fase final de encerramento.


A aeronave estaciona ao lado do ‘finger’, os motores são parados (desligados), a porta é aberta por uma das comissárias e neste instante um funcionário da empresa da aeronave entra na aeronave e dirigi-se à comissária chefe para efetuarem o desembarque de passageiros. Os passageiros que irão embarcar estão dentro do salão o mais próximo do ‘finger’ onde estacionou a aeronave.


Pelo lado de fora da aeronave outros funcionários estarão retirando bagagens e cargas dos porões e ao mesmo tempo colocando nos porões as bagagens dos passageiros que entrarão no avião.
O check-in é encerrado e o Despachante Operacional de Vôo em Congonhas, envia para o comandante da aeronave ( poderá ter havido troca de tripulação ) os dados de operação da aeronave, já com o número de passageiros total para a decolagem, carga e a quantidade de combustível necessária para o vôo até Brasília.

Só neste instante é autorizado reabastecer a aeronave.


Não há a menor necessidade de encher os tanques de combustível do avião, coloca-se querosene necessário para o tempo de vôo, cumprindo a regra para vôo em aeronaves à jato, ou seja no exemplo, voar de São Paulo até Brasília, se não conseguir pousar em Brasília por motivos meteorológicos ou a pista estaiver impraticável, voar até o aeroporto de alternativa que seria Goiânia, GO, e mais combustível para voar por mais 45 minutos.
Devemos lembrar sempre que, quanto mais pesado estiver a aeronave, pior será para decolar, subir até o nível de cruzeiro, ganhar velocidade, e haverá mais desgastes com maior peso, portanto não se enche os tanques com combustível como imaginam os leigos.


Após os passageiros desembarcarem em Brasília, o comandante autoriza o embarque dos passageiros que seguirão no vôo para Salvador, BA e outras cidades.


O tempo decorrido entre a abertura da porta da aeronave para desembarcar passageiros e o fechamento da porta para que a aeronave prossiga na sua próxima etapa, deve ser no máximo 20 minutos. É importantíssimo os funcionários da empresa do vôo agilizarem o embarcar em primeiro lugar dos passageiros idosos e com dificuldades de locomoção e ainda com crianças de colo.


Está provado que é mais agil embarcar passageiros de acordo com a posição dos seus assentos. Os passageiros via de regra têm dificuldades de colocar suas bagagens de mão nos copartimentos acima de seus assentos e na maioria das vezes não são nada ágeis ao fazerem tal tarefa e ainda podemos afirmar que há passageiros negligentes, lentos e pouco preocupados com os demais passageiros sendo embarcados. Demoram muito mais do que o necessário para tomarem seus assentos na aeronave.


Atrasos que venham ocorrer, serão da responsabilidade das equipes de terra, via de regra são vinculados aos funcionários do check-in, ao tentarem enviar passageiros atrasados para a aeronave, mesmo após o prazo de check-in já estando encerrado. Os passageiros retardatários são os principais causadores de atrasos na partida da aeronave. É compreensível que as empresas aéreas queiram dar maior atenção aos seus clientes, mas há notoriamente abusos dos passageiros retardatários em se apresentarem para o check-in. Suas bagagens serão levadas à parte para os porões e na maioria das vezes os porões já estão fechados.


Os passageiros retardatários VIPs são outra causa de motivar atrasos nos vôos.


A gerência das empresas punem as equipes de terra com tais atrasos, assim exercendo maior controle sobre a rejeição aos passageiros retardatários. No livro de bordo da aeronave somente o comandante do vôo classificará o tipo de atraso do vôo. Há atrasos provocados pelos órgãos de controle de tráfego aéreo, por motivos técnicos ou mecânicos, pela INFRAERO por não ter um local para a aeronave ser estacionada, por problemas à bordo com passageiros, etc., todavia somente o comandante da aeronave poderá escrever no livro de bordo o tipo de atraso.


Portanto podemos considerar os 5 (cinco) principais motivos de atrasos nos vôos, estritamente na ordem decrescente de insidência:


Controle de Tráfego Aéreo. ( incapacidade de gerenciamento)


Passageiros retardatários para o check-in. (leniência com passageiros)


Condições meteorológicas adversas para pouso e decolagem. (fenômenos da natureza)


Sistema operacional do aeroporto. (deterioração de equipamentos de solo para orientação e auxílio em pouso e decolagem )


Falhas técnicas da tripulação. (erros operacionais por parte da tripulação )

Um comentário:

Anônimo disse...

Incapacidade de gerenciamento?? Sr. George Rocha, considere-se desafiado a encontrar um outro aeroporto no planeta que tenha as mesmas limitações de Congonhas e consiga efetuar igual número de DEP e ARR tal qual é feito em SBSP !! O sr. simplesmente não vai encontrar, por isso, acho que foi infeliz em listar "incapacidade de gerenciamento" como o principal motivo pelo atraso dos vôos.